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Passeios na zona rural - Jornal Comércio do Jahu

POR MARIA WALDETE DE OLIVEIRA CESTARI13/03/2015

 

A zona rural de Jaú guarda tesouros pouco conhecidos pela maioria da população e atrai visitantes que gostam da natureza, da história, do contato com a terra, com as águas, com a fauna e a flora. Muitos vão para explorar as estradas rurais, como grupo de corredores pedestres e amantes de bike; outros, para fotografar; alguns para passear por lugares onde viveram ou onde moraram seus ascendentes, e outros para ter contato com a história da cidade ou apenas apreciar as paisagens. Só que, infelizmente, muito do patrimônio vai sendo destruído, ora para dar lugar a construções mais modernas ou a culturas agrícolas, ora simplesmente ruindo, vítima do abandono.

Os passeios à zona rural atualmente são ações isoladas, de pequenos grupos, mas poderiam se transformar numa fonte de renda para o Município se fosse elaborado um projeto de turismo rural, tão em moda hoje em dia.

Sempre ouvia falar da Marambaia, da sua beleza e da diversidade de sua paisagem que configura um lugar de parada e destino de aves pantaneiras, como o tuiuiú, cabeça-seca e colhereiro, e de grande variedade de espécies animais e aves. O fotógrafo Paulo Guerra, com seu grupo, registrou cerca de 190 espécies diferentes de aves que, segundo ele, “ali se reproduzem, se alimentam e são residentes. Um verdadeiro santuário que deveria ser protegido, reverenciado e cuidado”.

Semanas atrás, um grupo de fotógrafos amadores capitaneado por Guerra foi até esse recanto; uns para conhecê-lo e outros para voltar a um local que costumam visitar. Passamos pelo bairro da Queixada, com a igreja e o coreto reformados pela Prefeitura de Bariri e consternados constatamos que a escola rural que lá havia hoje se tornou um lugar para criação de porcos. Poderia ter sido transformada num centro comunitário para atividades dos moradores do entorno, mas, triste fim.

Continuando o caminho, chegamos à ponte nova, da qual se tem uma visão fantástica do Rio Jaú. Um lugar lindo! Ali observamos jaçanãs, japacanins, carões, garças-brancas-grandes e gaviões-caramujeiros. Estes proporcionaram cenas incríveis. O gavião observa a água, enxerga o caramujo, dá uma rasante, captura-o com sua garra e sai voando majestoso com a presa. Alguns postaram suas fotos no Facebook e muitos perguntaram: “Rio Jaú?”. “Onde é esse lugar?” “Como faço para chegar?” “E essas aves?”

Depois nos dirigimos a duas áreas de várzeas nas quais pudemos observar e fotografar aves como frango-d’água, garça, alma-de-gato, marreca-cabocla, biguá, arapaçus-de-cerrado, pica-pau-anão-escamado e muitas borboletas.

Infelizmente, poderia haver muito mais espécies e a causa disso foi explicada por Paulo Guerra: "A Marambaia é um complexo, composto não somente pelo emaranhado das águas fluviais, e sim por extensos brejos e pelas áreas de várzea que sempre se formam na época das chuvas. Este complexo depende, após o represamento, do regime das comportas da represa de Bariri. Como nos últimos anos, tivemos secas significativas, a Marambaia sofreu e sofre, com o volume baixo de água. Nos dias atuais, está difícil ver as aves tipicamente pantaneiras. Fora esta situação de sazonalidade de clima, temos ainda a ocupação do solo, a pesca sem critérios, a poluição das águas e a ausência de proteção municipal e estadual para o local".

Ele afirma também que esse santuário merece um estudo mais detalhado pelos acadêmicos e que ele deve servir para a proteção, conservação, preservação e restauração do local.

A Marambaia e outros locais poderiam e deveriam fazer parte de um projeto de turismo rural aliando passeios, apresentações de grupos sertanejos e festivais de gastronomia caipira. Se nada for feito em favor desta e de outras áreas rurais, suas belezas, além de encantar poucos olhos, podem, num futuro próximo, fazer parte apenas das lembranças de alguns afortunados que com ela tiveram contato.

Maria Waldete de Oliveira Cestari é professora aposentada. / cestari.jau@uol.com.br

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